para quem tinha enormes montanhas postas em movimento
e zelava os contrafortes do amor
é estranho que abrevie na boca a imensidão do tempo
esse tempo roxo sem tamanho algum
porque já habitam árvores de páginas muito incertas
nas difusas velocidades da dor
e é provável que vocês nunca mais façam os olhos
desses olhos queridos ao longo do céu
para quem tinha acabado de perceber o atrevimento da morte
hora de atrelar um carro ao boi
domingo, 1 de junho de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
"para quem tinha acabado de perceber o atrevimento da morte
hora de atrelar um carro ao boi"
lindo demais. eu queria muito ter escrito isso. obrigada.
eu escrevi isso incrivelmente devagar, interrompidamente, durante todo o domingo. quando encontrei o título, entendi que eu estava pensando em mim, na vida que eu tenho para fazer alguma coisa com ela. e por isso, só por isso ter sido entendido, postei aqui. mas uma vez aqui, postado, parece que o poema adquire uma potência por fora de mim, que me assusta porque não pude controlar novos entendimentos que tive ao ler novamente, como coisa que não abrevia a boca vasta do mundo. e a vastidão nenhuma é essa inevitável ironia: a de ele me parecer incrivelmente pequeno. e aquilo que escrevemos é uma tocha que queima no mesmo sítio em que aceitamos esquecer nossos desejos, temos medo e nos calamos.
seja muitíssimo bem vindo, sebastião.
agora sinto tudo muito deslumbrante.
Postar um comentário