segunda-feira, 16 de junho de 2008

poído

sem que se abram os remendos que já existem
procuro a linha e as agulhas
elas devem estar aqui em algum lugar
se bem me lembro
meu pai me orientou que as pusesse por aqui
ele sabia que eu ia precisar
e eu dizia "não, pai, eu confio nessa máquina"
mas ele estava certo
"sim, você confia, mas deixe por aqui
como as velas e os fósforos em dia de falta de luz,
porque você também confia nas lâmpadas mais que nas velas"

pensando bem,
guardarei meus poemas a punho.

4 comentários:

Sebastião Edson Macedo disse...

julia,
a sua poesia é, cada vez mais me certifico disso, uma experiência de rearrumação do mundo no interior do leitor. fico me perguntando onde eu coloco suas palavras. algumas, então, não podem ficar em qualquer poema. que bom que ficam assim intensas nos teus. nesse, por exemplo.

Eduardo Rosal disse...

Muito bom minha cara Júlia. Não sou íntimo (ainda) de sua poética, mas tenho a impressão de que agora, mais que antes, seu percurso começa a abrir ramificações vitais para a poesia. Noto uma maior fluidez de experiência.
Enfim, sem mais delongas,muito bom!
E perdão se muito me equivoquei.

Eduardo Rosal disse...

NOSSA! vejam como a magia é sublime...
Escrevo às 15:45 hs um comentário elogiando a nova experiência da Júlia. E quando acabo de publicar tal comentário... vejo que às 15:44 hs Tião também conversa conosco.
coincidência?
...

j disse...

não acredito em coincidências, meus caríssimos rosal e tião. a gente tá conectado nesse fio ai, não o da internet, mas o da poesia. parece que tem mesmo uma coisa solta, e quando a gente fala com outro poeta acontecem conexões mágicas.

pra vcs terem idéia, eu não tinha entendido bem o poema, ele meio que me veio, assim, que nem quiabo. obrigada pela leitura de vcs.