segunda-feira, 2 de junho de 2008

a parteira

eu fiz três parto no chão de terra. as mãe rezava as ave-maria delas e eu me apegava co'santo. cada criança que eu desembuchei de minha foi tamém no chão. sentia que nem pinicando as costa, as parteira num sabia onde punha o lençol, os homem viero tudo cá pra dentro panhar o neném que eu nem tinha posto os olhos. os três uma saúde de ferro, graças a Deus. eu dei um pra dona Júlia, da fazenda no seu Antônio, as menina eu dei pra madrinha Zica, que ela cuida que nem cuidou de nós. os menino sabe que eu é que sou mãe deles tudo, mas num vem me procurar. eu tamém num vou. aqui na chácara é tudo muito longe, sabe? tem que subir de cavalo até lá em riba da cidade, depois descer nos caminhão da fazenda inda dar a sorte de achar os cavalo na volta. eles tem tudo carro hoje, tão bem de vida, o mais velho é doutor. sei de que não senhora, mas doutor deve ser aquelas coisa importante de lá da cidade grande. de primeiro nós beliscava as bochecha pra ficar rosada que nem que fosse o sol, mas lá pra cima as moça acha de passar umas tinta que colore feito boneca de louça é rosada de boca rubra que só. parece aquelas moça da zona, só que é mais bonita, as roupa chique, não tem esses decote das capivara, tem uns estampado que misericórdia. e os sapato, e os chapéu? cada coisa, menina. agora as moça vai tudo pra cidade parir co's médico. diz que num dói mais, que ela cheira um negócio e dorme, quando vê já ganhou o neném. demora uma semana pra ficar de pé, porque o médico rasga ela de fora a fora quando o neném tá virado, ela não consegue levantar. deus me livre.nossa senhora do bom parto que protege elas tudo, e os médico. antigamente a gente sabia fazer as coisa, homem não podia ver. agora elas se abre tuda pros médico, cruz credo. deus que perdoa elas.

2 comentários:

Sebastião Edson Macedo disse...

parir e partir e apartar e parar com a boca no ó.
boquiaberto, parado, no ó, não sei o que enbuchar de volta, como ficar e juntar e sair.
preciso? não, não preciso.

Julia Pastore disse...

eis a poesia do sebastião me lendo. coisa de doido, coisa de doido.