eu poderia também falar sobre o que quisessem. poderia até ser outra, lançar-me como antes sempre fui de fazer. valha-me não querer mais. valha-me estar aqui a tecer redondilhas de crochê, com linha velha e agulha torta como prêmio pelo tanto que quis, pelo longe que fui. se me pego aos soluços? não, não sou mais líquida. meus olhos secaram desde a primavera, não lembra? não lembra como ainda chorava, apesar de tão dura já a minha vida? apesar do torpor tamanho de minhas ventas e dos alheios que me cercavam encarcerados em tumbas de concreto federal. aqui de fora desse aterro sanitário, sem o enxofre, meus olhos secaram.
devo passar a gola da camisa de trabalho, devo escolher o feijão e refogar o arroz, devo talhar o bife separando-me os nervos, devo passar a vassoura com pano úmido enrolado, devo deixar aberta a janela para entrarem as montanhas pela manhã, devo escovar os dentes antes de sentar ao computador, devo esperar um beijo um presente um jantar, devo sonhar com meus filhos saindo de mim para perto de mim todos eles, devo ligar ao meiodia com voz de cafédamanhã - e ser bomdia, de bomgrado, por todavida.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
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2 comentários:
você deve, e ninguém sabe.
caralho, é mesmo, ninguém sabe.
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