Minha poesia pode não ser estéril se eu souber discernir sem separar. Minha poesia pode ser lança e servir só de espeto de papel. Pode ter carne, pode ser brisa. Pode nem ser como por mim não tenho sido. E a primeira pessoa nem sempre é de mim, nem sou mais vivo. Passarias perene por entre plumas molhando e murchando tão sutis, tão de propósito: o de não morrer ainda, de estar na superfície flutuando, sem peso algum. Calha de ser meio-dia, mas não saberias a hora, o dia, sob efeito de que estou.
Um espeto, um peso, um aviãozinho de papel, um papel, um estilhaço. Tinta vermelha, folha de estanho. Quinze pras cinco, meu deus, meu deus. Não se demore, não seja breve, cale-te aos poucos e puxe para si o que te dei e não me coube jamais. Possua como Deus marionetes, como o vaso um jardim potencial que engana a flor engana a flor.
Ser teu abrigo? Não, primavera, não me cause tanta cor, peito que ressente o vaso fértil e pouco, tão adúltera, tão vasta vista, a gravata às seis da manhã e é tanto o número, tanta a hora, tanta a letra que o telhado se me curva e empena as portas para quem puder entrar.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
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