segunda-feira, 28 de abril de 2008

encontrei a mim feito criança quando chegaste com muitas horas, sorriso vasto, olhos grandes - quantos olhos tu tens ! -, e estendi a ti meu abraço e suspiro aliviado em enfim ver a ti ali, matéria. e tu fazes sempre a coisa diária, com teus cafés e dedos fortes e eu calcando teus tornozelos de homem lúcido e mudo, a loucura-amor de causos que vou despetalando das mangas, com desordenada incandescência na carne trêmula que carrego querendo tanto estar ali (em ti), dissimulando a altivez sabendo a delícia do não-compreender teus sinais, a euforia refinando afinidades
tão bom amar a ti agora.
enquanto brinco com meus cabelos, em novelos, todos os fios, quase não há mais dedos meus em mim, tu me olhas como se do avesso me soubesses e eu te digo tanto, mas tanto: pois cale a mim um pouco ! se já nem eu suporto mais minhas divagações, gostaria de ouvir que há amor por trás deste rosto pequeno, cale a mim, rapaz, não posso mais sustentar estas minhas palavras de profeta-menina, fiquei miúda, não sentes ?, depois que te pertenci. 
que eu possa te convencer que o tento que te espero não faz de mim tão assim solícita aos teus tempos
se entendêssemos o abismo em que nos metemos, só nos restariam as bocas, simultâneas, para charcar a língua.

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